Lágrimas de dúvida. Cap 4 ON ;3

Capitulo 1

-Ei me espere! – gritou uma garota.
-Venha logo sua lerda – gritou um garoto de volta, rindo.
-Eu não sou lerda.
-É sim!
-Não sou e pronto.
Dois jovens corriam por um vasto campo, o garoto tinha 15 anos e a garota 14. Ele era bonito, tinha cabelos de cor castanhos claro e olhos tom de mel, ele se chamava Julio. Ela tinha cabelos pretos e longos que realçavam seus olhos azuis, e um ar alegre e contagiante. Ela se chamava Melissa.
Os dois eram amigos desde que nasceram, eram vizinhos na pacata vila Duller. Eles tinham muitas coisas em comum, ambos viviam apenas com suas mães, já que os seus pais haviam morrido na guerra. Eram poucas as coisas que discordavam, e o mais importante de tudo, um amava o outro.
-Até que enfim você chegou em Melissa. – ele falava enquanto parava de correr.
-O que você quer tanto me mostrar em? – ela já estava impaciente e cansada da corrida.
-Olhe você mesma...
E lá estavam eles, próximos a um lindo lago cercado de flores das mais variadas cores e formas, o lago era tão magnífico refletindo o pôr do sol vermelho, parecia um lugar dos sonhos.
-Minha nossa Julio! Aqui é muito bonito. Como foi que você achou esse lugar? – Melissa espantada com a beleza do lugar foi se sentar na beira do lago.
-Eu estava caminhando de manhã por esse campo e achei esse lugar, não é lindo? – Julio se sentava ao lado dela.
- Demais!
-Você sabia Melissa que esse lugar me lembra uma coisa? – ele olhou para ela.
-Não, eu não sabia. E o que seria essa coisa? – ela se virou para olhá-lo.
-Você, sua lerdinha!
- Eu?! Mas por quê? – ela tentava disfarçar a vergonha.
-Por quê? Ora é muito simples. Você é linda como esse lugar. E eu amo ficar aqui assim como eu amo ficar ao seu lado. Quero você comigo para sempre.
-Oh! – Melissa abraça Julio como se nunca mais fosse solta-lo – Eu também quero você comigo para sempre. E eu quero que você nunca se esqueça, eu amo muito você!
- Ah, mas ama mesmo? Duvido em.
-Seu bobo, é claro que sim.
-Hahaha – ele a abraça também, e parecia que eles poderiam ficar eternamente assim.
-Já está muito tarde, acho melhor voltarmos. Nossas mães devem estar preocupadas. – ela se soltou dele para se levantar.
-Nah~ só mais um pouquinho, elas sempre ficam preocupadas! – ele a segurou.
-Não não! – ela puxou seu braço para se soltar – Amanhã nós voltamos aqui.
-Tá bom, sua chata! – ele se levantou e passou a mão por sua cintura.
- Chata que você ama! Hahaha.
-Fazer o que né? Hahaha.
Mal eles sabiam que a vida poderia ser imprevisível...

Capitulo 2

Já estava noite quando finalmente eles chegaram à vila, e como já sabiam, suas mães estavam preocupadas esperando na frente de casa.
-Onde vocês dois estavam posso saber? – perguntou a mãe da Melissa, Dora.
-Dando uma volta por aí mãe! – ela tentava explicar – nós perdemos a noção do tempo, desculpa. – ela vai abraçar a mãe.
-Você sabe que eu não gosto que fique andando por ai até tarde, parece que você esquece que estamos no meio de uma guerra. – ela abraça sua filha.
-Eu sei mãe. – ela sorri para a mãe
A guerra, que começou um pouco antes do nascimento de Julio não havia dado paz a todos de Malvia. Rohfer queria dominar toda a Malvia, pois lá havia os mais variados recursos. E foi essa mesma que levou os pais de Julio e Melissa, e centenas de pessoas. Parecia que nunca ia ter fim.
-Filho preciso falar com você, é urgente. – dessa vez era a mãe de Julio, Lupita, ela parecia aflita.
-Ok – ele ficou assustado, não queria uma noticia ruim, e o que poderia ser urgente?
Enquanto Melissa conversava com sua mãe, Julio seguiu Lupita se afastando um pouco das duas. E então sua mãe confirmou o que ele já pressentia.
-Nós vamos embora. – ela contou
-Como assim?
-Isso mesmo que você ouviu! Nós vamos embora de Duller, de Malvia. Vamos para Dimeher, e lá estaremos em paz finalmente.
Dimeher era um reino próximo ao território de Malvia, e como a guerra parecia que não ia atingir os outros territórios próximos, era um lugar seguro, e muitos estavam fugindo para lá.
-Não! Eu não quero ir embora.
-Mas nós vamos, e nada irá mudar minha opinião.
-E a Melissa? Ela vai com a gente né?
-A mãe dela disse que prefere ficar aqui.
-Eu não vou embora sem ela mãe! – ele não conseguia entender tudo, como ele iria ficar longe dela?
-Vai sim, você não tem escolha Julio.
Melissa, que não estava muito longe deles, escutou toda a conversa e se aproximou. Ela não conseguia acreditar no que seus ouvidos transmitiam para o seu coração, era tudo muito doloroso.
-Você...vai...embora...? – Melissa chorava, mal conseguia falar.
-Eu não quero ir Melissa! Mas parece que eu não tenho escolha... – Julio começou a chorar também, ele estava de mãos atadas, não poderia abandonar sua mãe sozinha e não queria deixar Melissa ao mesmo tempo.
-Não tem escolha mesmo! – Disse Lupita, sem um pingo de emoção em seu olhar. Ela não conseguia sentir pena, talvez com a guerra e a perda de seu marido tenha colocado uma pedra no lugar do seu coração.
-Mãe!! – Melissa correu para os braços de Dora – vamos com eles, por favor!
-Filha... Não é tão simples assim, eu não posso largar tudo assim de uma hora pra outra e começar uma vida nova. É muito difícil, e sem seu pai ainda.. – seus olhos se encheram de lagrimas – e, por favor, não me peça para ir com eles. Você é a ultima coisa que restou pra mim nesse mundo, e também a única que me prende nele.
É claro que Melissa não poderia abandonar sua mãe, e ela entendia seus motivos, mas o que ela poderia fazer então? Não tinha idéia.
-Vá arrumar suas coisas Julio, daqui a pouco nós já estamos indo.
Julio então entrou em sua casa, acompanhado de Melissa que não conseguia parar de chorar. Eles estavam aproveitando o seu ultimo momento juntos. A casa era simples, nada que tivesse muito valor.
-Você sabe né Melissa, que eu nunca vou te esquecer! – ele segurou seu rosto e tirou o cabelo que estava cobrindo sua face – E daqui a alguns anos eu irei procurar você até achar, tá?
-Acho bom mesmo. Estarei aqui pensando em você todos os dias da minha vida! E vou procurar você assim que puder.
Ela se aproximou dele e abraçou. Um abraço de dor. Um abraço que marcaria suas memórias para se lembrarem no futuro incerto que se aproximava.

Capitulo 3

Dez anos se passaram. A guerra continuava e não parecia que ia ter fim. Ela já tinha envolvido todos que estavam próximos. Malvia era a que mais tinha aliados, mas era uma guerra muito intensa. Melissa saiu da vila Duller, junto com sua mãe, pois a pobre vila fora invadida e destruída e então as duas tiveram que sair às pressas e tentar uma nova vida na vila Melibele, próxima ao reino de Dimeher. Ela nunca mais teve noticias de Julio, e isso era muito doloroso, pois ele nunca saiu de sua cabeça. Sua mãe também sabia que agora não conseguiria impedir sua filha de ir atrás do seu amor.
-Melissa! – bateu alguém na porta.
-Oi? Aah~ - ela abriu a porta – Olá Sebastian, o que faz aqui? – disse sem muito entusiasmo.
-Só queria saber se você não ta afim de ir dar uma volta..hm..er..comigo por ai sabe? Estou sem nada para fazer – ele falou um pouco nervoso.
-Ah.. Sim, claro, mas você se importaria de esperar um pouco?
-Sem problemas.
-Entre, minha mãe está na cozinha.
Sebastian era um amigo que Melissa fez há quatro anos, quando chegou à vila. Ele era um menino muito bonito, seus cabelos eram loiros escuros e seus olhos esverdeados, às vezes azuis, não davam para saber, e ele era alto, mas mesmo assim não conseguia chamar a atenção de Melissa, o que ele não gostava nenhum pouco. Sua paixão por ela veio quase quando se conheceram, um amor à primeira vista, e era bem visível, mas ele achava que ela não havia percebido.
-Olá Sebastian! – cumprimentou Dora, mãe de Melissa.
-Olá, como vai? – perguntou Sebastian
-Vou bem, medida do possível. – respondeu Dora
-Estou pronta Sebastian, vamos? – falou Melissa
-Claro!
Eles caminhavam por um bosque, os raios de sol penetravam entre as arvores. Era outono, a terra estava coberta de folhas, o vento um pouco gelado, talvez fosse umas nove horas. Resolveram parar perto de um riacho de água cristalina e se sentaram na beirada e ficaram olhando seus reflexos no riacho. Um silencio, uma paz tomou conta mas logo tudo isso foi quebrado quando Melissa falou.
-Sebastian, preciso te contar uma coisa.
-Sou todo ouvidos.
-Você se lembra do Julio, que eu contei?
-E como eu poderia esquecer? Você sempre fala nele! – ele disse irritado.
-Desculpa. – ela ficou um pouco constrangida – É que eu vou atrás dele.
Então, em meio aquela paz e silencio que havia ao redor deles, foi quebrado por um som. Melissa não ouviu, e ninguém poderia ouvir, o único que ouvia era Sebastian. O som era de algo se partindo, quebrando em milhões de pedaços. Era o coração do Sebastian. E nele vazava um ódio e a pergunta por quê? Por que Melissa não tinha aquele olhar para ele igual quando ela falava desse tal de Julio? Sebastian sabia que ela amava muito o Julio, mas afinal o amor não se escolhe né? E amor não se esquece, apenas fica guardado num lugar bem fundo dentro de si.
-Hum, que bom Melissa – ele disse frio.
-... – Melissa se espantou com a reação.
-Er... quer dizer, você quer que eu vá junto? – ele tentou disfarçar.
-Seria muito bom, obrigada.
-Disponha.
-Vamos amanha a noite, ok?
-Tudo bem.
-Até lá então.
-Até.
Sebastian havia perdido seus pais cedo, desde então ele vivia com seus tios que não ligavam nenhum pouco para ele, achavam ele um incômodo em suas vidas, e então apareceu Melissa, com aquele seu jeito doce, sempre tratando ele bem, por isso ele a amava tanto e faria qualquer coisa por ela, qualquer coisa...

Capitulo 4

Chegou o grande dia esperado por Melissa, ela não gostava de ficar esperando parada a chegada do Julio e finalmente tomou a decisão de ir atrás dele. Ela escrevia um bilhete para sua mãe em seu quarto.

Melissa não queria deixar sua mãe sozinha, mas enlouqueceria se esperasse mais alguns dias, precisava muito ir. Mesmo que fosse só pra saber se ele estava vivo e só de olhar para ele novamente... iria compensa os dez anos de sua ausência, mas e se ele estivesse morto? Ou se ele estivesse se esquecido dela já? Melissa não sabe se suportaria tamanho golpe.
Sebastian havia chego no local combinado, não parecia feliz mas pelo menos iria acompanhar ela e ajudar no que fosse preciso. Ele sempre mudava quando o assunto era o Julio, era um assunto muito delicado. Melissa sabia que ele amava ela mas fazia de conta que nem suspeitava, não podia nem queria se afastar dele. Ela gostava dele, afinal, ele sempre a tratou com muito carinho mas parecia que seu amor por Julio tinha colocado uma venda nos seus olhos e ela só conseguia enxergar Sebastian como amigo. Qualquer menina no seu lugar correria atrás dele.
-Ei, Sebastian.
-Hum?
-Deixa eu fazer uma trancinha no seu cabelo? – disse Melissa entusiasmada.
-É claro que não! Eu sei que você ama meu cabelo mas deixa ele em paz viu?
-Tá né...
Realmente, Melissa adorava o cabelo dele, não era longo igual o dela, mas ia até na altura dos ombros. As vezes ela queria ser loira também. Ele gostava que ela mexesse no seu cabelo, mas dizia não apenas para fazer um charminho.
-Melissa... você tem alguma idéia de como vai achar o Julio?
-Não. E você tem?
-Eu não.
-Vamos dar um jeito, alguém naquela cidade deve conhecer ele!
-É, provavelmente.
Depois de uma longa caminhada e uma breve pausa num rio eles finalmente chegaram em Dimeher.